18/07/10: Entrevista
com o empresário Dr. Jorge Gerdau Johannpeter e com o cavaleiro Bernardo Alves direto de
Aachen, realizada por Mário Teixeira
Mário Teixeira: Dr. Jorge e Bernardo, antes de mais nada, em nome do
site Hipismobr e da Maison du Cavalier, gostaria de parabenizá-los por esse incrível
bi-campeonato na Youngster Cup do CHIO-Aachen, tendo em vista que o título de 2009 foi
conquistado também por vocês com a égua Bridgit. Essa conquista consolida ainda mais a
posição do Haras Joter entre os maiores e melhores criadores de cavalos de salto do
mundo. É um dos poucos haras no mundo a inscreverem em uma só olimpíada, três produtos
de sua criação e agora mais esse bi-campeonato. Sempre em busca da excelência. Como os
senhores vêem essa realização e, por favor, comentem sobre esse excelente animal que,
sem dúvida alguma, ainda proporcionará muitas alegrias para os aficcionados do hipismo
no Brasil.
Dr. Jorge Gerdau Johannpeter: A égua Canturada ainda é pouco conhecida
no Brasil, por ser um animal novo. Ela foi adquirida do Staal Hell, parceiro histórico do
Haras Joter, aos dois anos de idade. Acreditamos muito no sangue Canturo e estamos
investindo cada vez mais nessa linhagem.
Canturada ficou até os cinco anos sobre os cuidados do Staal Hell e depois veio para as
nossas cocheiras, quando começou a ser montada por Bernardo Alves e Caio Carvalho Filho.
Está ainda se consolidando nas provas intermediárias nacionais e regionais na Europa
onde normalmente é montada pelo Caio. Nas provas das Yongsters Cups, nos principais
concursos da Europa, é montada por Bernardo. É importante lembrar que, nas últimas doze
provas de cavalos novos que participou, ganhou oito.
|
Como um animal extremamente cuidadoso e limpo,
mostra-se completamente maturada para sua idade. Além de ter uma cabeça muito boa,
demonstrando, assim, a qualidade e franqueza do Canturo, imprimindo suas excelentes
características em seus produtos.
Aqui no continente europeu, há a vantagem expressiva de existir a categoria Youngster
Cup, na qual os principais cavaleiros do cenário mundial tem a oportunidade de competir
com os seus cavalos de sete e oito anos em igualdade de condições com outros
competidores.
Essa vantagem auxilia extremamente na formação do animal nesta idade de transição e na
consolidação dos cavalos em provas mais fortes. A categoria Youngster Cup deveria ser
adotada no Brasil para ajudar a maturar os cavalos que saem dos campeonatos de cavalos
novos de sete anos, tendo imediatamente que competir com cavalos mais experientes,
precipitando, assim, a formação do animal para as provas mais fortes.
Bernardo Alves: Esse resultado só prova o quanto estávamos certos em
apostar no sangue Canturo. Nessa égua e nos demais produtos desse excelente garanhão,
que nos proporcionou tantas alegrias, se percebe nitidamente as qualidades do Canturo
impressas em seu temperamento, franqueza e mentalidade. Sobretudo nesse cenário, em
Aachen, onde Canturo alcançou alguns de seus principais resultados, essa vitória para
mim tem um gosto todo especial, uma vez que, no ano passado, alcançamos esse mesmo
resultado com a Bridgit. Ela já esta se mostrando um animal vencedor na série principal,
inclusive venceu seu primeiro GP 5* nesse ano, a etapa do Global Champion Tour de Monaco,
com a precoce idade de nove anos.
Mário Teixeira: Neste ano, Bernardo Alves está tendo excelentes
resultados com Bridgit , Canturada e Vancouver D´Auvrey nos melhores concursos da Europa.
Gostaríamos de ouvir seus comentários sobre a atuação desses três animais e sobre a
preparação que Bernardo está fazendo para atingir esses bons resultados.
Dr. Jorge Gerdau Johannpeter: Sem dúvida nenhuma, Bernardo está muito
bem armado para essa temporada, e estamos acreditando muito no Vancouver com o qual
Bernardo se encontra em período de adaptação. O animal foi adquirido recentemente para
a nossa Coudelaria, não só pelas suas qualidades técnicas nas pistas como também pela
sua qualidade genética como garanhão. Ele acrescentará muito à nossa criação, pois
seu irmão Toulon, hoje em dia, é um dos garanhões de maior sucesso na Holanda, Bélgica
e França. Esse resultado de Vancouver comprova o excelente trabalho e dedicação de
Bernardo, Cainho e toda a nossa equipe. No ano passado, alcançamos esse mesmo resultado
com a Bridgit que, neste ano, já conquistou a vitória de seu primeiro GP5*, em Monaco no
Global Champions Tour 2010. Assim, estamos completamente preparados para nos mantermos em
destaque no cenário hípico internacional.
Mário Teixeira: Com qual animal Bernardo irá para os Jogos Equestres
Mundias-WEG em Kentucky e qual a sua expectativa para este evento?
Dr. Jorge Gerdau Johannpeter: Ainda estamos entre o Vancouver e o
Chupa-Chups. A Bridgit ainda é muito nova para esse tipo de competição e não
gostaríamos de apressar o seu processo de maturação, pois vemos nela um grande
potencial para conseguirmos um excelente resultado nos Jogos Pan Americanos de 2011.
|
Bernardo Alves: Como o Dr.
Jorge acaba de relatar, estamos entre esses dois animais. O Vancouver encontra-se em
excelente forma e a cada concurso que passa, me sinto mais entrosado com ele. O
Chupa-Chups está completamente recuperado e nesse final de semana, já saltou duas provas
na Bélgica com o Cainho e encontra-se em perfeita forma. Retornará aos concursos
principais em Walkenvard e seu proximo GP está programado para o CSI 5* de Madrid após o
AOIHS no Rio de Janeiro.
Em relação à Bridgit, confesso que me dá uma certa tentação, tendo em vista a sua
qualidade. Inclusive recentemente aconteceu um caso interessante, o Dr. Thomas Montello,
veterinário oficial da nossa equipe e da equipe brasileira, me informou que precisava
enviar o sangue dos eventuais cavalos a participarem do campeonato mundial. E me perguntou
se ele deveria enviar o sangue da Bridgit. Então, prontamente lhe respondi para não
enviar, para não termos a chance de cairmos na tentação de levá-la para o WEG.
Mário Teixeira: Como amante do hipismo e empresário no ramo de
equipamentos para a equitação, torço sempre para o crescimento do esporte no Brasil.
Quais são as suas considerações a respeito da situação do hipismo em nosso País?
Dr. Jorge Gerdau Johannpeter: Diria que a base do hipismo no Brasil
continua crescendo bastante. A criação está cada vez maior e melhor com novos criadores
fazendo um trabalho muito bom. Porém, acho que o grande empecilho para termos mais
animais de criação brasileira despontando no cenário internacional, está relacionado
à formação do cavalo novo. Há problemas no sistema de pontuação das provas e na
avaliação das aprovações de garanhões. Acho que deveria haver um aprofundamento na
revisão destes critérios com o apoio técnico do exterior para, assim, chegarmos mais
próximo do que se pratica na Europa, atingindo uma globalização do esporte.
Fonte: Maison du Cavalier e AJA - Hipismobr |